El Porvenir:
Cosmovisão e ancestralidades, transculturalidade e utopias paisagísticas
Escola de Belas Artes EBA/UFRJ - Rio de Janeiro, RJ
5 a 31 de agosto de 2024
Texto Curatorial
A exposição El Porvenir: cosmovisão e ancestralidades, transculturalidade e utopias paisagísticas surge como um espaço de reflexão e celebração das temáticas abordados nos debates e diálogos do VI Colóquio Internacional El Porvenir del Paisaje: escutas ancestrais, cidadania ambiental e acordos para o bem viver, tendo como premissa o conceito de sociedade do conhecimento (Burker, 2015) e o associa ao contexto socioambiental latino-americano com vista a fundamentar o centro das discussões do encontro no Rio de Janeiro. A mostra oferece uma cuidadosa seleção de trabalhos no campo das artes visuais, projetos paisagísticos que buscam qualificar o ambiente e cartazes que abordam a necessidade de educar o olhar e conscientizar a sociedade considerando os temas propostos pela exposição.
A iniciativa desta primeira mostra pretende reafirmar a vocação científica e cultural do colóquio internacional El Porvenir del Paisaje criado na Escuela de Diseño da Universidad de Guanajuato, México, em 2018. Na primeira edição desta mostra o interesse é democratizar o acesso à informação, promover questionamentos, qualificar discursos, além de estimular a criação artística e oferecer condições concretas para que a sociedade da América Latina possa refletir sobre o lugar onde habita e os desafios ambientais, políticos e culturais que precisam enfrentados. A mostra tem como princípio inspirar linguagens artísticas, como também, o pensar transcultural de projetistas da paisagem, sobre a paradoxal potência das relações orgânicas e artificiais firmadas entre as comunidades humanas e não-humanas no ambiente latino-americano.
Não deve ser esquecido que a paisagem é um artefato humano imbricado de significados e de valores simbólicos. Assim, as representações de paisagens que despontam nesta mostra surgem como construções sociais, determinadas por um contexto estético, histórico e geográfico cuja potência é capaz de gerar afetos, em decorrência do seu vigoroso poder de persuadir sentidos e sensibilidades, sobretudo quando está em jogo sentimentos e percepções na esfera política, espacial e sociocultural.
Neste sentido, a I Mostra El Porvenir: cosmovisão e ancestralidades, transculturalidade e utopias paisagísticas, fomenta um giro artístico-cultural cujo princípio é criar um panorama representativo sobre a invenção de paisagens. O elemento seminal que gerou esta proposta expositiva, estabeleceu um espaço para leituras plurais, abrindo assim perspectivas para interpretar, dentre outras coisas, a criação de objetos e a fabulação de cenários. Tais domínios visuais, representativos e simbólicos, apontam para exercícios narrativos sobre a cosmovisão e ancestralidade latino-americana. Há ainda, a real possibilidade de estudar distintos acordos para o bem viver, atravessados pelas múltiplas associações entre a paisagem e ambiente, decorrente de aprendizados, reconhecimentos e da constatação dos valores impregnados à cultura e seus inúmeros significados.
Em um momento de reflexão sobre os trabalhos projetuais e as representações visuais elaboradas pelo Coletivo El Porvenir, torna-se evidente a riqueza e a diversidade de perspectivas apresentadas. No caso dos projetos, está posto nos trabalhos apreciações críticas e analíticas dos ambientes reais e utópicos. As propostas convidam a explorar o que o passado nos deixou de herança, refletir o que está em jogo no presente e vislumbrar o que futuro nos reserva, destacando desse modo a importância do estudo e do conhecimento para compreender o visível e o invisível ao nosso redor.
As fotografias, desenhos, colagens e composições visuais desenvolvidas pelos artistas que integraram esse coletivo revelam diferentes formas de perceber e sentir os espaços que habitamos, abrindo nesse cenário, frestas para reconsiderar nossas posições e enriquecer a relação que cotidianamente estabelecemos com a paisagem. Cada obra carrega consigo uma sensibilidade única, proporcionando uma ampla gama de processos de construção de mundos. É inspirador observar a poíesis de cada artista, como cada um contribuiu para a reflexão sobre o futuro da paisagem, oferecendo elos para seguirmos adiante e assim, continuar o exercício do pensamento-paisagem com vistas a provocar questionamentos sobre nossas interações com um ambiente em constante transformação.
O COLETIVO EL PORVENIR, demonstra, através da perspectiva projetual, da diversidade artística e sensibilidade inerente a todo esse processo, a criação de outros horizontes e a possibilidade de tensionar as visões que podem ser concebidas para a paisagem, reforçando os ideários que esse um processo contínuo e multifacetado. As obras apresentadas não apenas nos convidam à refletir sobre o passado, presente e o futuro, mas também nos instigam a repensar nossa relação com o ambiente à nossa volta. Que essas expressões projetuais e artísticas continuem a nos guiar rumo a um diálogo profundo e significativo sobre a importância ambiental e a beleza das paisagens em contínuo e constante processo de afetação nos nossos cotidianos.