Brotar
Recipiente Porongo - Rio de Janeiro - RJ
19 de abril a 25 de maio de 2024
Texto Curatorial
"Nascer é intransitivo, assim como o verbo. Catalisa uma grande carga de energia em um momento único, repentino, até que se encerre em si mesmo. Nascer é sempre passado ou futuro. Nascemos ontem ou nascerá amanhã, o agora é somente parte da espera. Brotar, por sua vez, é transitivo, assim como o verbo. Romper a superfície para tornar-se visível, mesmo existindo antes sob uma camada que impossibilita a descoberta de uma existência. Ou ainda, na linguagem popular, Brotar pode significar aparecer, comparecer a um lugar, a uma festa.
Hoje celebramos o Brotar de um novo espaço cultural na cidade do Rio de Janeiro. Celebramos o começo visível deste lugar que existia invisível, em projeto e sonhos que ganham corpo e se tornam visíveis para nós. Assim como cada trabalho apresentado aqui é resultado de uma pesquisa e dedicação dos artistas, o Porongo resulta da dedicação de Renata e Ariel e daquilo que depositam de esperança na arte e na cultura desenvolvidas na cidade do Rio de Janeiro.
Um porongo é um fruto que abriga muitas sementes, mas que sem elas é transformado em recipiente para muitos usos. As sementes de um porongo dão vida a muitos outros, estabelecendo um fluxo de continuidade de vida e mantendo o futuro como uma possibilidade. Nesta exposição cada um dos trabalhos ocupa o lugar de uma pequena semente que ao germinar passa a ocupar um lugar determinado no mundo e através de sua existência transforma o seu contexto. Brotamos todos juntos para que nossas existências sejam possíveis.
Ao todo, 30 artistas colaboram com este começo e depositam suas energias e pesquisas em forma de apoio a esta iniciativa tão especial e necessária. O grupo é composto por Aline Mac Cord, Amador e Jr. Segurança Patrimonial, Ana Klaus, Camile Soares, Cibele Nogueira, Cibelle Arcanjo, Edu Monteiro, Eloá Carvalho, Fernanda Sattamini, Gabriela Noujaim, Hugo Houayek, Ju Morais, Julia Arbex, Karin Cagy, Kika Diniz, Luanda, Marcelo Monteiro, Mariana Guimarães, Maria Baigur, Maria Palmeiro, Paloma Carvalho, Patrizia D’Angello, Rafael Adorján, Rafael Prado, Rafa Diås, Raul Leal, Stefanie Ferraz, Thadeu Dias, Ursula Tautz e Vanessa Freitag.
Quisemos que cada obra pudesse narrar a sua própria trajetória e estabelecesse um diálogo com as demais. Não foi construída uma narrativa curatorial estrita na escolha dos trabalhos. Assim como o germinar, não quisemos controlar os fluxos de escolha e oferta. Cada artista sugeriu um trabalho de sua predileção e os acolhemos. Verificamos, assim, nesta mostra uma expografia mimética do que acontece nas florestas e matas brasileiras, uma explosão de presenças diversas e exuberantes. A fim de celebrar este começo, brotamos no Porongo, com nossas germinações e presenças."